Friday, January 5, 2018

NO CINEMA: Coco

10 / 10
Novo filme da Pixar traz de volta toda genialidade do estúdio de Toy Story; emociona, faz rir, faz chorar, e nos conta uma história magnífica e inspiradora.

Confira minha opinião!

Título brasileiro: Viva: A Vida é uma Festa
Direção: Lee Unkrich, Adrian Molina
Elenco de vozes original: Anthony Gonzalez, Gael García Bernal, Benjamin Bratt, Alanna Ubach, Renee Victor, Jaime Camil, Alfonso Arau, Herbert Siguenza, Gabriel Iglesias, Lombardo Boyar, Ana Ofelia Murguía, Natalia Cordova-Buckley, Selene Luna, Edward James Olmos, Sofía Espinosa, Carla Medina, Dyana Ortelli, Luis Valdez, Blanca Araceli, Salvador Reyes, Cheech Marin, Octavio Solis, John Ratzenberger


E novamente tem início outro ano nos cinemas para mim. Minha intenção inicial não era exatamente começar meu blog este ano com um filme logo de cara, mas uma vez que a Pixar entra na jogada, e ainda com uma ideia totalmente nova, não tem como evitar! A melhor coisa sobre este filme novo da Pixar é isso, não é continuação de coisa alguma, mas algo novo vindo deles. Fazia tempo que eu esperava por isso!

Lembrando que este filme estreou nos EUA dia 21 de Novembro, mas só chegou aqui agora, dia 4 de JANEIRO. Não sei por que cargas d'água, afinal, o mercado brasileiro poderia ter usado perfeitamente o período de férias de Dezembro para exibir o filme, assim, teríamos visto ele ainda no ano passado. Apesar de não ter terminado o ano passado assistindo esta obra-prima, tive o prazer de começar 2018 com ela.

Mas vamos falar da nova história da Pixar.

Primeiramente, quero chamar a atenção para o ridículo nome brasileiro do filme, que em nada tem a ver com toda a história e só coloca a Pixar em uma posição inferior em relação a outros estúdios de animação, assim como o trailer dublado também insosso, e que não vende o filme pelo que ele realmente é. O título brasileiro é bobo, clichê, insípido e faz um desserviço ao vender o filme. Melhor ter deixado o título original mesmo, Coco, que é um termo hispânico para "socorro".

Dito isso, vamos à trama. E eu não poderia começar a falar dela, sem lembrar do meu tio de São Paulo, que se chamava Airton. Sabe por quê? Porque meu tio, apesar de ter falecido há muitos anos, ainda é lembrado por mim com alegria e entusiasmo, tendo sempre sido uma grande inspiração, especialmente na minha vida intelectual. Sempre que eu me recordo dele, me vem à cabeça as intermináveis partidas de xadrez que travávamos, todas as vezes que ele vinha para minha cidade.

Assim é o nosso personagem principal na trama que acontece no México, Miguel. O menino vem de uma família que odeia música. Não deixam o menino se envolver com isso de jeito nenhum. Definida como uma maldição na família, a música é mantida distante dele, perto do convívio familiar; eu, pessoalmente, já teria motivos de sobra para não confiar em pessoas assim, porque pessoas que dizem não gostar de música, simplesmente não me inspiram confiança alguma.

De qualquer forma, apesar disso, a música não é nenhuma estranha para o menino. Em seu quartinho secreto, longe dos olhares familiares, ele toca seu violão e assiste em seu VHS um famoso músico mexicano muito conhecido das pessoas, e que morreu já fazem muitos anos. O garoto aprendeu a tocar seu violão observando o músico nos vídeos. Ele fica sabendo de um torneio de talentos que terá em sua cidade, mas o problema, é que o dia de los muertos está chegando, e o garoto precisa ficar com sua família e fazer os preparativos para receber as almas dos mortos.

O filme é sensacional ao nos trazer toda a cultura e tradição impressa neste dia tão famoso e tradicional para os mexicanos. Vemos nele toda a cultura das caveirinhas, das oferendas, e toda aquela celebração animada que o povo mexicano costuma fazer.

Em um dado momento, a família descobre a paixão do garoto por música, e o menino, por acidente, descobre que ele tinha um tataravô que era músico. Isso leva ele a roubar o violão de seu tataravô e ao tocar de um acorde, ele é diretamente transportado para o mundo dos mortos, mas permanece vivo. Lá, o menino vê seus antepassados em suas formas caveirísticas, e encontra personalidades que vão marcar sua jornada durante o filme.

A ideia principal é que para que uma alma seja lembrada, ela precisa ter sua foto de vivo exposta no dia por alguém, do contrário, ela não pode atravessar a ponte para rever sua família. Há um personagem neste mundo dos mortos, Hector, que Miguel irá conhecer, e que irá afetar não só sua jornada, mas também o resto de sua vida. A princípio, você realmente não consegue fazer ideia de quem ele seja, mas conforme a trama vai se desenrolando, isto vai ficando mais claro, e então... ah, então, meu caro leitor... chega aquele momento mágico em que a Pixar volta a ser a Pixar dos tempos áureos! Aquele estúdio tão fantástico, tão sensacional, e que é capaz de te provocar arrepios, risos e emoções fortes e intensas!

Há um arco de história em que Miguel tem uma vovozinha, sua "abuelita", como eles dizem. Esta personagem, a vó do menino, é uma senhora doente, que fica calada quase o tempo todo no filme, mas no entanto, será ela que vai funcionar como catalisadora de um dos momentos mais emocionantes de toda projeção. Eu me peguei derramando lágrimas no filme umas duas vezes por conta desta senhora, e muito porque ela me recordou da importância que meu tio teve na minha vida, no pouco tempo que passamos juntos.

Através da música e de sua aventura entre o mundo dos vivos e dos mortos, Miguel aprende valores essenciais. O pano de fundo do filme é o feriado mexicano, mas a mensagem primordial que usa a música como catalisadora e ferramenta que acaba conectando os personagens ainda mais em suas vidas, é a da importância da família, célula máter de qualquer sociedade. A Pixar, em toda sua genialidade, consegue nos passar uma mensagem emocionante dos desejos que temos em vida, e que devemos seguir sim, se isso trazer a felicidade a todos, mas acima deles, nos alerta de toda a importância que a família representa para a história de nossas vidas.

Conexões são refeitas, restauradas, outras quebradas porque não cumpriram seu papel primordial, e no final, o que temos é uma celebração incrível da vida e de nossas memórias. Há risos também no meio do caminho, personagens carismáticos, incríveis, de uma profundidade ímpar sim, mas também cativantes, engraçados, e criados com a inspiração maior de vida de todos os roteiristas da história. Dá pra ver claramente que a Pixar empregou enormes esforços nesta animação para fazer com que ela fosse uma experiência realmente fenomenal.

Para aqueles que achavam que a Pixar estava longe de seus dias áureos, principalmente após os seus últimos filmes, Coco nos traz novamente a magia e a genialidade deles, em todo seu esplendor e glória. É um filme incrível, que eu recomendo com força, e que eu tenho certeza que vai ficar gravado em sua memória como uma das experiências mais sensacionais que tivemos da Pixar nos anos mais recentes. Vá aos cinemas, leve suas crianças, e não deixe de assistir este novo e emocionante capítulo da carreira da Pixar. Mais do que qualquer outra animação que você resolver assistir com sua família e amigos, lembre-se deste maravilhoso filme!

Saí do cinema ainda embebido em toda a atmosfera de emoção que o filme me causou. Obrigado mais uma vez, Pixar, por ser tão incrível! Hoje, você voltou a afirmar os valores que fizeram de mim, seu fã mais ardoroso. Não deixe mais essa chama se apagar!

Coco (2017)
Produção: Darla K. Anderson, Mary Alice Drumm, John Lasseter
Roteiro: Lee Unkrich, Jason Katz, Matthew Aldrich, Adrian Molina
Trilha sonora: Michael Giacchino

Elenco brasileiro de vozes: Arthur Salerno, Leandro Luna, Nando Pradho, Adriana Quadros, Marilza Batista, Maria do Carmo Soares, Carlos Silveira, Silvio Giraldi, Luiz Carlos de Moraes, Márcio Araújo, Luciana Baroli, Zeca Rodrigues, Mauro Ramos, Marcelo Pissardini, Adriana Pissardini, Rogério Flausino, Yuri Chesman, Marcelo Salsicha, Francisco Junior

Trailer original:


Trailer dublado:

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