Thursday, April 28, 2016

HQ: Detective Comics #1: Batman

Nota: 9 / 10

Da última vez que eu falei da linha dos Novos 52 da DC, vimos toda a saga de Scott Snyder e Greg Cappulo sobre a organização chamada de a Corte das Corujas. Agora, resolvi pegar de novo minha revista Batman nº 1 de Junho de 2012, para falar do título Detective Comics. Mas não vou tratar aqui de uma série inteira, apenas desta edição da revista mesmo.

Detective Comics #1, lançada em Novembro de 2011, é uma espécie de prelúdio para uma história do Batman que também se passou na linha dos Novos 52, e que eu vou falar daqui algum tempo, que é Death of the Family.

Só que para entender um aspecto que permeia toda a história, que foi de Batman #13 a Batman #17, é preciso visitarmos esta primeira edição de uma das revistas-satélite do Batman. Vamos conferir?
Mas antes disso, um pouco de história para vocês, principalmente para quem não está familiarizado com o mundo dos quadrinhos; Detective Comics é um título de uma revista que começou a ser lançada na década de 1930, nos EUA. Ela foi a revista que publicou a primeira história do Batman de todas, aquela que aparece em Detective Comics #27; sabe, aquela sobre o caso da fábrica de produtos químicos, que muita gente diz que é um plágio de uma história do personagem Sombra, chamada Partners of Peril, famoso personagem na época das publicações pulp fiction?

Detective Comics #1,
Março de 1937
Bom, isso é porque realmente a história tem muita coisa que é roubada do Sombra mesmo, às vezes, até mesmo frases e diálogos inteiros... sem contar a ideia... e a trama... pois é... nada se cria. A primeira aparição do Batman nas HQs, aliás, não é só um plágio; é um plágio horrível, e cheio de furos de roteiro! Com o tempo, e uma equipe maior, Bill Finger e Bob Kane foram melhorando, mas no começo... bom, um dia irei falar disso.

Detective Comics #27,
Maio de 1939;
a estreia do Batman
O título Detective Comics, desde a primeira vez que publicou a história do Batman, em 1939, não parou mais de publicar suas histórias. Com o passar dos anos, a revista, que se tratava de uma compilação de histórias de diversos personagens e autores, foi publicando cada vez menos os outros personagens, e cada vez mais o Batman, até que um dia, a Detective Comics só publicava mesmo histórias do Batman. E acabou. Ninguém queria mais saber de Speed Saunders, Slam Bradley, Fu Manchu, ou qualquer outra publicação, só o morcego que interessava. Detective Comics #1 de 2011, da linha dos Novos 52, vem exatamente nessa esteira, tanto é, que antes do título da revista, já aparece o nome "Batman", lá em cima na capa, como quem diz "sou o dono dessa budega aqui, morou?"

Enfim, feito este background histórico para o leigo que se pergunta a razão de existir tantos títulos do Batman, vamos começar a falar da revista para a qual este artigo se destina. Ela é uma das primeiras publicações da linha de revistas do Batman (que inclui títulos como Batman, Detective Comics, Nightwing, Batman and Robin, Red Robin, Batgirl, Batwing e várias outras) que representam o reboot que a linha Novos 52 promoveu nas histórias do morcego. Basicamente, a DC situou esta linha cronológica como a Terra 2 do Multiverso.

A história desta edição se inicia com Batman, na narração em off, fazendo a conta de todas as mortes do Coringa, nos últimos tempos. A primeira página traz várias imagens horrendas de cadáveres que o palhaço do crime deixou e que Batman está investigando. Ele relata que todas estas pessoas possivelmente eram conhecidas do Coringa, apesar do palhaço não seguir modus operandi nenhum em seus crimes, e as próximas duas páginas são uma spread page (uma ilustração inteira de duas páginas) mostrando Batman se dirigindo a um lugar que poderá achar o palhaço para acertar as contas.

Em seguida, vemos o palhaço e um outro cara, numa briga. O cara tem uma máscara que, segundo análise do Batman, é composta de... tecido humano do rosto de alguém! Que nojo!! Enfim, esse é um feito de um vilão que irá aparecer nas próximas edições, chamado Dollmaker, ou, aqui no Brasil, Criador de Bonecas. É ele que vai deixar o Coringa com a sua aparência de Novos 52 (a cara descolada), mas vamos por partes, esse vilão não nos interessa tanto agora. Enfim, o cara que briga com o palhaço diz que é uma honra estar fazendo isso e que é um grande fã do Coringa... (sic!)... e o Coringa retribui a gentileza "autografando" o corpo do cara com facadas, e eis que o Batman chega. O Coringa aproveita uma distração para escapar e encontra uma refém em meio a um fogaréu de explosão que o palhaço provocou.

A narrativa nos esclarece que a polícia tem problemas com o Batman e tenta prendê-lo, mas ele aproveita que os guardas estão tendo que escoltar a garota para fora e escapa. Chegando na caverna, o morcego enfrenta problemas com um encontro que não vai poder atender com uma pretendente desiludida, e esclarece para Alfred que sua maior preocupação agora é o Coringa.

Batman vai ao telhado do GCPD, falar com Gordon, o morcego mostra intenção de interrogar a garota, mas Gordon esclarece que não será possível. Batman fica sabendo que o homem que o Coringa matou era o tio da garota de 11 anos e que o palhaço foi visto na farmácia Roscoe, e sai daquele jeito à francesa que vocês conhecem, sem fazer barulho e cerimônia, deixando o policial falando sozinho sobre a sua "intrépida" tropa de choque da polícia!

Batman chega lá depois da polícia. Gordon está tendo que se submeter ao prefeito, que quer o Coringa capturado ou morto. O palhaço preparou uma bomba que deixou plantada em um cadáver, e no momento exato ela foi acionada, matando vários homens da lei. Uma figura sinistra sai andando em meio à multidão. Enquanto isso, o Coringa escapa disfarçado. Ele se dirige a um trem que partirá de Gotham, mas Batman o intercepta a tempo. Os dois arremessam-se para fora do trem em movimento e há uma briga feroz entre eles. O Coringa chega a esfaquear Batman em dois pontos do corpo, mas o palhaço é detido, após os esforços do morcego. 

O Coringa é enviado de volta ao Asilo Arkham, mas após um dos médicos do asilo deixar o palhaço sozinho em seu confinamento, a sinistra figura que havia escapado em meio à multidão, após a explosão da farmácia, aparece diante dele.

É preciso ter estômago para a próxima parte. Prontos? Muito bem...

O Coringa elogia a escolha do local para um "procedimento" e então, o impensável acontece: era o Criador de Bonecas que, através de pedido feito pelo próprio palhaço, saca um estilete e ARRANCA, cirurgicamente, toda a pele do rosto do Coringa e a prega na parede. Dessa forma, fica aquele pedaço de rosto branco do palhaço, todo ensanguentado, pregado no lugar. O Coringa, que não dá pra gente ver mais, diz que a experiência foi "divergásmica", e o Criador de Bonecas diz que está na hora de preparar o "renascimento" do palhaço. A história acaba com a promessa de que na segunda edição da Detective Comics, conheceremos o Criador de Bonecas.


Eu avisei que precisava ter estômago! Sinistro, não? Pois é. Enfim, de forma geral, uma história boa, bem conduzida. Ela tem grande parte daqueles elementos que eu gosto tanto nas histórias do Batman, inclusive elementos dos quais eu estava sentindo falta durante a saga da Corte das Corujas. Essa relação mais próxima do morcego com a polícia, tramas mais calcadas na investigação criminal, na realidade e no grotesco, ao invés do sobrenatural e da lenda. Sentia falta destes elementos tão característicos das histórias do morcego. A arte de Tony Daniel, como sempre, é muito boa; não é um Andy Kubert, mas é muito boa, tem um traço legal. Seu roteiro também é na medida e mantém o suspense. Daniel já provou, mais de uma vez, que sabe escrever Batman, desde a série antiga.

Seguindo essa proposta de reinvenção de certas características dos personagens da DC na linha Os Novos 52, Detective Comics #1 é leitura recomendada para todo fã do morcego, e arruma o estágio para a saga que irá abalar o universo desta nova cronologia, que é Death of the Family. Confira esta história, antes de pensar em ler a saga, pois ela vai te preparar psicologicamente para o que Scott Snyder e Greg Cappulo irão trazer em uma das histórias mais perturbadoras do morcego e seu nêmesis.

Detective Comics #1 (Novembro/2011)
Título desta edição: Batman
Linha: Os Novos 52

Editora: DC Comics
Formato: Revista mensal
Roteiro: Tony S. Daniel
Desenhista: Tony S. Daniel
Colorista: Tomeu Morey
Letrista: Jared K. Fletcher
Editores: Mike Marts, Janelle Asselin, Katie Kubert

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