Thursday, September 17, 2015

GAME: Batman: Arkham Asylum (PC / Xbox 360) - especial Batman na Tela: edição 24

Em 2009 o mundo veria uma nova revolução no universo dos games. A DC Comics, animada com o enorme sucesso da trilogia de Christopher Nolan nos cinemas estava trabalhando a todo vapor nas diversas mídias em que o Batman poderia aparecer, promovendo um verdadeiro reavivamento do personagem após a massagem cardíaca que Nolan deu ao morcego nos filmes e que o reavivou no live action. É então que se inicia um dos universos mais sensacionais do morcego que já foram criados, e junto com Batman TAS, uma das 3 melhores coisas que já fizeram com o Batman fora dos quadrinhos. Eu estou me referindo à série de grande sucesso Batman: Arkham, que se iniciou em 2009 com a HQ Road to Arkham e o game Batman: Arkham Asylum, constituindo assim o que costumamos chamar de "Arkhamverse", mais um dos universos existentes do Cavaleiro das Trevas.


A ideia de fazer o game partiu do pressuposto de que as pessoas, especialmente os fãs do personagem, gostariam de se sentir como o morcego, serem o próprio morcego em um game, ter a experiência de vivenciar o vigilante de Gotham. Todo personagem famoso já ganhou games por aí, seja nos consoles antigos ou clássicos. Já até conversamos aqui mesmo no especial sobre o game Batman: Vengeance, baseado na série animada e que trouxe ao jogador uma visão mais ampliada do Batman nos games, até o momento, ninguém havia jogado um game do morcego que tivesse uma trama daquela forma. Claro que, em termos de controle, o game não era tão bom, mas fez com que a DC visse a necessidade de lançar um jogo do morcego que fosse realmente digno.

Em 2005 sairia o filme Batman Begins, e logo depois, o inevitável game para Playstation, Batman Begins, baseado no filme. Mas estava na hora de dar um passo mais ousado ao invés de ficarem nas eternas e saturadas adaptações de filmes para jogos. Eu lembro que houve boatos na época, em 2008 que a DC estava com planos iniciais de lançar um game baseado na obra-prima The Dark Knight, o segundo filme de Nolan do morcego, mas aí pessoas com uma visão mais ousada e desafiadora como Sefton Hill e Paul Dini vieram com este plano ambicioso de lançar um game do personagem que fosse totalmente original e inovador. E o que é melhor: o game traria todas as vozes clássicas da série Batman TAS para este universo, Kevin Conroy como o morcego, Mark Hamill como o Coringa, enfim, todo um elenco fantástico e que dá aquele brilho a mais no game. Este elenco já havia trabalhado lá atrás no game Batman: Vengeance, mas aqui, o nível seria outro em termos de jogabilidade e experiência. Nasce assim, Batman: Arkham Asylum.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS


Vamos às características do game: você controla o Batman em um game de mundo aberto, ou seja, aqueles games que não tem fases como no estilo tradicional, o que significa que você vai cumprindo objetivos de forma não linear e pode até deixar a trama principal do game em certos momentos para cumprir side-missions (missões extras) que não fazem parte da história principal. Como eu joguei o game tanto no PC quanto no Xbox 360, posso falar das duas experiências.

Em linhas gerais, o console é sempre melhor, especialmente porque se pode jogar o game no conforto do sofá e com um controle nas mãos, e sem o risco de seu sistema ficar travando ou ficando lento. Há a opção de jogar com joystick para PC, mas é bem diferente e às vezes a calibragem pode se tornar confusa, fazendo a gente ter que usar os próprios controles de teclado e mouse que eu já não me sinto confortável em usar, e olhem que eu fui gamer de PC por anos a fio. Inclusive foi assim que eu joguei o game da primeira vez, quando eu ainda não tinha um console, mas desde o dia que eu adquiri meu Xbox 360 eu sempre dou preferência a ele, até mesmo para não ficar lotando minha máquina de games; resultado, meu Arkham Asylum de PC está descansando bonitinho na estante, enquanto eu passei a jogar somente a minha versão de 360 que adquiri uns anos depois.

Enfim, de maneira geral o que eu mais gostei no game foi que a gente precisa de apenas um botão para golpear os adversários. Não tem essa coisa de ficar dando combos e apertando mil botões para criar combinações, apenas um botão já é o bastante para derrubar seus adversários, e o que é melhor, você pode, gradativamente fazer upgrades de habilidades conforme vai passando o game. Com isso ele ganha uma jogabilidade perfeita e fluente, permitindo que a gente tire o máximo da experiência.

Você também conta com os bat-apetrechos de seu cinto de utilidades, entre eles, batarangues, muito úteis para acionar mecanismos à distância ou para atordoar algum adversário temporariamente, inclusive há os batarangues teleguiados que permitem que você controle a trajetória, vão haver ambientes no game onde eles serão necessários, inclusive com uma boa descarga elétrica para acionar determinados dispositivos. Também contamos com um spray de gel explosivo para explodir superfícies sensíveis, o bat-gancho que pode ser atualizado para um ultra-gancho com mais potência até mesmo para substituir o gel explosivo em certas localidades, um gancho de corda para atravessar abismos e um dispositivo eletrônico para descriptografar senhas para se ter acesso a certos lugares e salas no game.

Mas o que eu mais gostei aqui foi o chamado "modo detetive", um dispositivo que Batman aciona em sua máscara e lhe permite analisar pistas e elaborar deduções sobre algo que precisa-se investigar para seguirmos em frente no game. É muito legal isso e destaca muito bem o lado detetivesco do personagem, você se sente como se estivesse mesmo na pele do morcego, investigando pistas como cinzas de cigarro, impressões digitais, perseguindo vilões e capangas, etc. É simplesmente fantástico e complementa toda a experiência de forma extraordinária. Esse modo também mede a temperatura corporal das pessoas, permitindo ao morcego ver quantos adversários tem em um lugar e onde eles estão.

E para abater capangas, ainda temos os gárgulas de pedra em algumas salas do asilo em que Batman pode dependurar-se para ser mais furtivo ao nocautear alguém. Quando a gente fica mudando de gárgula o tempo todo, os capangas vão ficando mais nervosos e impacientes, começam a balbuciar coisas como "a gente vai morrer", "ele está aqui! é o morcego... é o maldito morcego!", ou ainda "droga, ele sumiu... e agora, cara?" e o outro responde "cala a boca e continua procurando!", ou ainda "a gente tá ferrado, ele vai nos pegar!"; puts, que legal é isso! Eu lembro que eu ficava só brincando às vezes, de um gárgula a outro, só pra ver os caras ficarem mais nervosos. Às vezes eu me dependurava de cabeça para baixo em um dos gárgulas para abater um capanga e dependurá-lo pelo pé em uma corda, era divertidíssimo! Aí os outros capangas vinham ver o que estava acontecendo e ficavam "droga, ele tá fazendo a gente de palhaço!" E o Coringa só ficava zombando, dizendo "eu poderia jurar que tinham mais capangas nessa sala!" ou "e aí, pessoal? Sentindo um nervoso subindo pela espinha? Hahahahaha!". Em suma, muita diversão no combate e a experiência legítima de estar na pele do morcego. 

HISTÓRIA


A história do game foi levemente sugerida pela HQ Arkham Asylum: A Serious House on Serious Earth escrita por Grant Morrison e desenhada por David McKean, que eu recomendo altamente, é sensacional; uma hora tirarei um tempo para falar sobre ela aqui no blog. Em Batman: Arkham Asylum, o Coringa foi capturado por Batman e o game abre com o morcego conduzindo o palhaço para o famoso asilo de malucos dos quadrinhos. Ocorre que o Joker, o palhaço, o bobo, se deixou capturar muito fácil, e o morcego sabia que aí vinha merda pela frente, por isso resolveu escoltar o Coringa para seu confinamento. Obviamente o palhaço escapa de um dos guardas e toma conta do asilo, auxiliado pela sua amiguinha Harley, que está com um visual todo novo no game. Mais para frente, descobrimos através de tapes escondidos no asilo, que o Coringa estava interessado em uma substância chamada de fórmula Titan, uma toxina que faz algo muito semelhante à toxina de Bane, ou seja, bomba a pessoa, fazendo ela ficar praticamente invencível. Batman agora, com a ajuda da Oráculo (Barbara Gordon na cadeira de rodas, filha do Comissário Gordon) tem que pôr ordem na bagunça e enfrentar algumas das piores ameaças de Gotham dentro do confinamento do asilo, como Harley, Bane, Crocodilo, Espantalho, Hera-Venenosa, além é claro do palhaço do crime que começou tudo.

Para isso, ele terá que passar por várias localidades das instalações do asilo, como o centro médico, a prisão, o jardim botânico, o cemitério, o salão principal, os esgotos, e uma infinidade de lugares lúgubres e assustadores dentro do mapa do game. Há sequências no jogo que são aterradoras, como as alucinações do Espantalho. Diferentes da perspectiva de "voyeur" em terceira pessoa do resto do game, as fases do Espantalho geralmente assumem uma característica de visão mais arcade, com Batman tendo que escapar das ilusões e ao mesmo tempo não podendo ser pego pelo campo de visão do Espantalho. Em uma das alucinações inclusive há uma sequência belíssima em que vemos o jovem Bruce caminhando por Park Row e encontrando seus pais assassinados na rua. Em outra, muito legal, o morcego é enterrado vivo e tem que retornar ao asilo, e há diversas "versões" dele em uma galeria macabra.

Algumas sequências dentro do próprio game que gosto de destacar são a sequência dos esgotos onde enfrentamos o Crocodilo, e temos que nos mover o mais silenciosamente possível para coletar algo que usaremos na fórmula do antídoto da toxina Titan mais tarde, e tem também uma side-mission onde descriptografamos mensagens escondidas entre as paredes e instalações do asilo, supostamente deixadas pelo seu fundador, o Dr. Amadeus Arkham. Na HQ prelúdio de Arkham City descobrimos que se tratava da loucura do curador atual do asilo, Quincy Sharp, aflorando, ele pensava ser a reencarnação de Amadeus.

O CORINGA NÃO VAI TE DAR SOSSEGO NESTE GAME! Ele surta de uma hora para outra e de repente você tem que parar o que está fazendo para resolver alguma enrascada que o palhaço inventou. Às vezes você está lá seguindo uma pista e de repente a voz do Coringa aparece te falando que sequestrou o comissário Gordon, ou então que trancou gente dentro de uma sala com gás do riso e você tem que parar o que está fazendo para ir lá e socorrer quem quer que seja. É insano! Mas insano mesmo é a última sequência onde a gente enfrenta um Coringa bombado com a fórmula Titan! Puta que pariu! Isso foi exagerado, hein!? E quase que o Batman também fica bombado por causa de um dardo de fórmula Titan, não fosse pelo antídoto que você coleta lá na caverna do Crocodilo. Eu ia até achar legal Batman bombado contra Coringa bombado, mas não aconteceu.

Antes de concluir, vou falar sobre algumas coisas que não curti no game, só para não ficar parecendo que este não tem seus defeitos, pois tem. Há algumas passagens secretas que parecem ser inacessíveis. O game às vezes joga com as nossas expectativas nos levando a lugares meio improváveis. Felizmente isso não acontece na história principal, mas é meio irritante. A não ser na parte onde seu gancho simplesmente não funciona porque o lugar que você está tentando escalar está em ruínas e você tem que escalá-lo "à moda antiga", como diz o morcego. Outra coisa irritante é ter que ficar recuperando os malditos troféus do Charada. Puta que pariu! Eu odeio esses troféus! Eu não creio que com tantos afazeres que tem, o morcego iria ficar preocupado em coletar trofeuzinhos que o Charada deixou espalhados pelo mapa. As charadas espalhadas em cada lugar do mapa que você tem que solucionar usando o modo detetive eu posso entender, aliás, são muito bem elaboradas, agora esses troféus aí do game não me agradaram não.

Felizmente essas coisas meio irritantes que falei não atrapalham em nada a diversão do game e a ótima sensação de realmente estarmos vivendo no mundo do Batman; a não ser que você queira completar 100% do game, aí sim, atrapalham bastante! Eu cheguei a 80% e desisti, não tive paciência para achar todos os troféus! Concluí o modo história, uns desafios, resolvi as charadas de mapas, mas esses troféus não me animaram pegar não. Só achei forçado mesmo o morcego ter construído uma bat-caverna dentro dos aposentos da ilha que fica o asilo... isso pra mim foi bem forçado! Como que ninguém acharia o lugar lá dentro? Temos vários malucos espertalhões que encontrariam aquilo facilmente! Não digo que não seja legal, mas que forçaram a barra, forçaram sim! Por fim, o game traz os modos desafios onde você detona vários capangas em algum ambiente ou usa de furtividade para capturá-los. São partes do game fora do modo história para simplesmente nos divertirmos, fazendo mingau de bandido.

Em suma, se você curte games, é gamer como eu e tem vontade de jogar um que realmente seja digno do Cavaleiro das Trevas, então eu recomendo altamente que corra atrás de Batman: Arkham Asylum e tenha uma das melhores experiências em games que já foram concebidas. O título, não por acaso, ganhou no seu ano de lançamento o prêmio de Game Of The Year (Jogo Do Ano), ou simplesmente "GOTY", e foi relançado mais tarde com uma versão GOTY especial contendo todos os extras que foram disponibilizados para as versões normais do game. Eu quando comprei para PC, foi a versão normal, depois consegui achar a versão GOTY para Xbox 360 já com tudo que tinha direito.

Ainda vou retornar com o Arkhamverse para falar sobre os demais games da série, então fiquem ligados. Até semana que vem!



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Batman: Arkham Asylum (2009)
Nota: 9,0 / 10

Direção: Paul Boulden, Sefton Hill, Jamie Walker
Produção: Joe Best, Scott Burfitt, Nathan Burlow, Matt O'Driscoll, Gerald Smith, Nathan Whitman
Roteiro: Paul Dini, Paul Crocker (baseado em personagens criados por Bill Finger, Bob Kane, Jerry Robinson, Doug Moench, Chuck Dixon, Carmine Infantino, e outros)
Trilha sonora: Nick Arundel, Ron Fish

Elenco de vozes: Kevin Conroy, Mark Hamill, Arleen Sorkin, Kimberly Brooks, Tom Kane, Wally Wingert, Dino Andrade, Steve Blum, Fred Tatasciore, Danny Jacobs, Tasia Valenza, Cree Summer, Adrienne Barbeau, Duane R. Shepard Sr., Roger Rose, Chris Cox, Chris Gardner, Rick D. Wasserman, James Horan, Keith Ferguson, George Dzundza, Kari Wahlgren

Desenvolvedora: Rocksteady Studios
Distribuidor: Square Enix, Time Warner
Plataformas: Microsoft Windows / Xbox 360 / PlayStation 3 / OS X / Cloud (OnLive)
Gênero: Ação em mundo aberto
Modo: Single player

Site: http://rocksteadyltd.com/

Outros games desta série:
- Batman: Arkham Knight (2015)
- Batman: Arkham Origins (2013)
- Batman: Arkham City (2011)
Batman: Arkham Asylum (2009)

Filme relacionado:
Batman: Assault on Arkham (Batman: Assalto em Arkham) (2014)

HQs relacionadas:
- Batman: Arkham Knight – Genesis (2015–2016)
- Batman: Arkham Knight – Batgirl Begins (2015)
- Batman: Arkham Knight (2015–)
- Batman: Arkham Origins (2013–2014)
- Batman: Arkham City – End Game (2012)
- Batman: Arkham Unhinged (2011–2013)
- Batman: Arkham City (2011)
- Batman: Arkham Asylum – The Road to Arkham (2009)

Livro relacionado:
- Batman: Arkham Knight – The Riddler's Gambit (2015)

Trailer:

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